O Encontro Nacional de Coordenadores de Pastoral, promovido pelo Secretariado Geral da CNBB, terminou na manhã desta sexta-feira, 12 de julho, com a conferência do arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva. A iniciativa reuniu 203 coordenadores e coordenadoras de pastoral de todo o país na Casa dom Luciano, em Brasília, desde segunda-feira, 8.
Sob o olhar das perspectivas para a ação evangelizadora da Igreja no Brasil, o arcebispo incentivou os participantes a refletirem sobre suas experiências pastorais, a partir de eixos como a formação e a comunicação. Para ajudar na reflexão, utilizou-se de oito pontos centrais que vão desde as perspectivas da pessoa, passando pela missão/missionariedade até a reflexão sobre a construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
“O termo perspectiva vem do latim e significa enxergar claramente. Perspectiva é a capacidade de visualizar as coisas a partir do lugar em que você está. Para nós, aqui, tem a ver com a sensibilidade, visão, escuta”, iniciou dom João Justino.
Refletindo sobre a perspectiva da pessoa e o desafio da massificação, o arcebispo salientou que é preciso que os coordenadores pensem a pastoral de forma individual e que não deve-se olhar a ação pastoral sem pensar nas pessoas. “Daqui vem o valor, a defesa, a promoção da pessoa humana. Não pode haver pastoral sem pensar na pessoa humana (seus desafios, motivações)”, explicou.
Dom João Justino incentivou os coordenadores a conhecerem a realidade na qual estão inseridos para que possam cada vez mais identificar as necessidades pastorais. “Devemos conhecer a realidade, as pessoas, como elas vivem, quais questões elas nos trazem”, disse.
Missão e missionariedade
Sob olhar da missão/missionariedade, segundo ponto discutido, o arcebispo incentivou os coordenadores de pastoral a irem além, saírem do conformismo. Explicou que é preciso pensar na importância de se articular estruturas missionárias. “Nossa igreja diocesana é missionária? A missão está relacionada às pessoas?”, enfatizou.
Na perspectiva da iniciação à vida cristã levantou o desafio de se transmitir a fé às novas gerações. Chamou atenção para o fato de que vive-se em um mundo de diversidades e que é preciso pensar em como transmitir a fé, diante de um cenário de diferentes expressões e vivências.
O arcebispo alertou, ainda, para o desafio de se enfrentar o individualismo e o anonimato, sobretudo nas grandes cidades. E destacou as pequenas comunidades como o quarto ponto a ser refletido.
“Como proposta a igreja aposta nas pequenas comunidades. A paróquia é como uma rede de pequenas comunidades. O próprio Papa Francisco fala que a paróquia não é uma realidade caduca, precisamente porque possui uma grande dinamicidade. Existe uma vitalidade nas paróquias”, argumentou.
Animação bíblica da pastoral
Falando da perspectiva, sob a visão da animação bíblica da pastoral, dom João Justino questionou o excesso de “devocionalismo”, que é segundo ele, quando as devoções ocupam um lugar de prioridade não deixando sombra para a experiência do conteúdo da fé baseada na Palavra de Deus.
“Há experiências bonitas, como por exemplo, o Mês da Bíblia. Uma fé alimentada pela Palavra, mas nem sempre damos centralidade à Palavra. Nós damos valor a palavra que nos inspira? A Palavra de Deus cabe na sua ação evangelizadora?”, questionou.
O sexto ponto abordado foi a ministerialidade, a partir de uma reflexão sobre a participação das mulheres na vida da Igreja. Dom João Justino afirmou que não se pode pensar a Igreja sem discutir a participação das mulheres. Os últimos dois outros pontos citados foram a sinodalidade e de uma construção de uma sociedade mais justa e fraterna. O encontro terminou com uma missa presidida pelo arcebispo.
Por Larissa Carvalho
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