Durante o século XX, os jubileus ganharam nova força e expressão para toda a Igreja. Os difíceis anos das duas grandes guerras fizeram com que os pontífices se empenhassem pela paz, pela reconciliação entre as nações do mundo. Prova de que os papas desse período viram a grande importância desses acontecimentos para o fortalecimento da unidade da Igreja e para o apelo de reconciliação dos povos, foram os jubileus extraordinários convocados por Pio XI (1922-1939), João Paulo II (1978-2005) e, recentemente, Francisco. Destaque deve dar-se ao jubileu extraordinário do ano 1933, por ocasião dos 1900 anos do Mistério da Redenção. Na mesma linha foi o papa João Paulo II com o jubileu extraordinário de 1973 (1950 anos do mistério da Redenção).
Dentre os Anos Santos ordinários, destaca-se o ocorrido em 1950, proclamado pelo papa Pio XII. Pela primeira vez na história da Igreja Católica, o papa dispensava da peregrinação a Roma autorizando os bispos a designarem em suas sedes episcopais, além da igreja catedral, outras duas igrejas ou oratórios onde se pudessem celebrar regularmente as cerimônias jubilares.
Pio XII abre a Porta Santa em São Pedro no Natal de 1949
Em 1975, o papa São Paulo VI, chamou a Igreja para o Ano Santo, primeiro realizado após o grande acontecimento do Concílio Vaticano II. A ênfase do papa Paulo VI recaía sobre o aspecto da conversão pessoal e do reforço da comunhão da Igreja. O grande jubileu do ano 2000 foi proclamado pelo papa São João Paulo II e foi preparado por três anos anteriores nos quais meditou-se amplamente o mistério da Santíssima Trindade. Notável e inédito foi, igualmente, o público pedido de perdão realizado pelo papa, pelos pecados cometidos pela Igreja Católica ao longo da história.
Fechamento da Porta Santa pelo Papa São João Paulo II, aos 6 de janeiro de 2001
O Papa Francisco realizou o jubileu extraordinário da Misericórdia, no ano de 2016, em decorrência dos 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II. Pela Bula Misericordiae vultus, expressou-se o papa:
“Escolhi a data de 8 de dezembro [2015], porque é cheia de significado na história recente da Igreja. Com efeito, abrirei a Porta Santa no cinquentenário da conclusão do Concílio Ecuménico Vaticano II. A Igreja sente a necessidade de manter vivo aquele acontecimento. Começava então, para ela, um percurso novo da sua história. Os Padres, reunidos no Concílio, tinham sentido forte, como um verdadeiro sopro do Espírito, a exigência de falar de Deus aos homens do seu tempo de modo mais compreensível. Derrubadas as muralhas que, por demasiado tempo, tinham encerrado a Igreja numa cidadela privilegiada, chegara o tempo de anunciar o Evangelho de maneira nova. Uma nova etapa na evangelização de sempre. Um novo compromisso para todos os cristãos de testemunharem, com mais entusiasmo e convicção, a sua fé. A Igreja sentia a responsabilidade de ser, no mundo, o sinal vivo do amor do Pai” (Francisco, Misericordiae vultus, 11.04.2015).
Sem dúvidas, a instituição jubilar, em período contemporâneo, reforçou os genuínos aspectos de sua identidade: o tempo para o grande perdão por meio do sacramento e da remissão das penas pela indulgência, o chamado universal à reconciliação, o reforço da comunhão e da unidade da Igreja Católica na pessoa do Papa, sucessor de Pedro, no exercício do primado e, consequentemente, de seu magistério universal. Em resumo, os jubileus representam sempre um acontecimento de reforço da catolicidade mesma da Igreja.
Pe. Rafael Capelato